quinta-feira, 14 de abril de 2011

O Samba do Crioulo Doido

Em alguns locais por ai, as estações do ano resolvem pregar algumas peças e mostrar toda sua força num dia só. Já morei num lugar assim, que denominavam Chuvópolis desde os tempos de Dom Pedro II, como dizem alguns alguns historiadores.
Você acorda de manhã e há neblina e frio. Pega o carro, faróis acesos, chuviscos e vai trabalhar encasacado. Na hora do almoço, abre o sol, céu azul, algum calor e você coloca o casaco na mala do carro e acha interessante deixá-lo num lava-jato para tirar a poeira. No final do dia você acha lindo o por do sol e o surgimento da lua que agora está em crescente.
Bom... isso tudo é porque esse dia foi hoje, agora vai cair uma tempestade e não moro mais naquele local.

Coisa de doido? Talvez. Na dúvida já separei a lanterna e deixei velas nos castiçais (nunca se sabe).

Aproveitando a deixa, vou contar uma história que nunca aconteceu (o que não quer dizer que não possa acontecer).

Dois jovens: ele dezessete anos, religioso, bom menino, tocava violão e até era bom aluno; ela quinze anos, religiosa, boa menina, também tocava violão e também era boa aluna.
Tiveram o mesmo médico quando eram crianças e, um dia, ela resolveu mudar de vida, entrou numa seita esquisita, deixou parte da infância de lado e começou a dar piti um atrás do outro. Por sua vez, ele apaixonou-se pelo amor impossível e resolveu dar fim à própria vida, arranhando os pulsos com uma faca de plástico dessas usadas em festas de aniversário de criança.
O tal médico, vendo essas confusões, nem conversou muito: mandou os dois para o consultório do psiquiatra, onde se conheceram.
Enquanto esperavam, suas mães trocavam receitas de bolo e eles, de tanto tédio do assunto que ouviam, resolveram conversar também.
O assunto não era culinária: falavam sobre os remédios que tomavam e discutiam as diferenças religiosas, um tentando convencer ao outro que o que faziam era a melhor escolha. Em alguns momentos, concordavam que o encaminhamento feito pelo médico em comum era desnecessário porque, afinal, o que eles estavam fazendo esperando o psiquiatra já que não tinham qualquer problema?
Algumas consultas depois já estavam íntimos. Trocaram telefones, e-mails, msn e conversavam horas a fio na internet, combinando sempre de se encontrar naquela sala de espera que virou praça de alimentação de shopping para eles.
Bom... cresceram, namoraram, se formaram, se casaram e fizeram amor pela primeira vez (não necessariamente nessa ordem). Claro que, aí, essa foi a melhor terapia: nada como um relacionamento sadio para curar alguns distúrbios e tornar os medicamentos dispensáveis.

Com tudo isso, acabei lembrando do Sérgio Porto, lá de 1968, quando ele falou de um tal crioulo carnavalesco e divido com vocês essa pérola da música brasileira. O que será que ele pensaria se lesse essa história?



Boa noite! Sou o Narrador e a tal tempestade não caiu... vai entender!

Um comentário:

  1. pois é,narrador...aqui em chuvopolis continua mesmo tudo igual...pelo menos para quem mora por perto do Bingen e adjacencias(eu moro no quarteirao ingelheim,na ultima rua,no alto do mundo)...pois é continuo acordando com a neblina, e janelas molhadas, ao meio-doa ta um calorzinho bom, mas as 13>30 ja ta esfriando aqui e ventando....mas so aqui,pq no centro da cidade continua calor...e as velas...ah, estas estao SEMPRE a mao pq faça chuva,ou faça sol, se a luz acaba, a AMPLA continua ignorando....
    Bom domingo!
    Raquel(convalescendo ...hehehehehe)

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